Alcéu Alves da Silva

Como transformar a Saúde no Brasil

É preciso evoluir para um verdadeiro sistema público e único controlado pelo Estado, mas executado por entes públicos e privados.

A perda de 2,7 milhões de usuários dos planos de saúde nos últimos dos anos, 78,6 mil destes no RS, e o consequente aumento da procura por serviços do SUS, tornam ainda mais urgente o debate sobre como dar acesso à saúde para todos com qualidade e no tempo certo. São desesperadores os efeitos da  do setor público na gestão de serviços, quase sempre liderados pela lógica conveniente dos acordos partidários ou mesmo do egoísmo das corporações.

O governo sabe que terá de mexer no modelo representado pelo SUS e há dois caminhos a seguir. O primeiro é manter o atual e ampliá-lo. O que não vai resolver, na medida em que o modelo de hoje não se sustenta, mesmo que venha a receber o dobro de recursos. Será preciso encontrar outra saída e terá de ser com a participação do setor privado, não substituindo o governo e muito menos a sua responsabilidade.

É preciso evoluir para um verdadeiro sistema público e único controlado pelo Estado, mas executado por entes públicos e privados. Boa parte do sistema público de saúde já é executada por instituições privadas, especialmente as filantrópicas, que representam 38% dos leitos oferecidos pelo SUS.

Mas para que essa parceria efetivamente funcione, é preciso regulamentar a relação para definir e monitorar as responsabilidades de cada parte, bem como estabelecer penalidades para quem não cumpri-las. O ponto essencial é garantir que os repasses de verba pelos governos sejam cumpridos. Um dos caminhos é a criação de institutos sociais sem nenhum patrimônio para fazer a gestão de hospitais públicos a partir de organizações sociais.

A ampliação da participação do setor privado no SUS representa um caminho para a promoção da equidade. Com uma nova Lei Orgânica da Saúde, um novo marco regulatório e um órgão específico regulando essas relações terão condições de gerir melhor nossos limitados recursos para que cada um jamais seja tratado de modo insuficiente a suas necessidades de cuidado.

Alceu Alves da Silva

Graduado em Ciências Contábeis e Pós-Graduado em Administração Hospitalar (IAHCS). Vice-presidente da MV. Foi Superintendente Executivo do Hospital Mãe de Deus e do Sistema de Saúde Mãe de Deus. Presidente do Comitê Técnico da ANAHP – Associação Nacional dos Hospitais Privados. Editor da Revista Observatório da ANAHP. Membro do Conselho de Administração da Rede de Hospitais Mater Dei, de Belo Horizonte – MG e Hospital Anchieta de Brasília. Membro Titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar – empossado em outubro de 1997. Foi Chefe de Gabinete do Ministro de Estado da Saúde, Dr. Carlos César Albuquerque, no período de 18/12/96 à 20/03/98. Foi Assessor Especial do Ministro de Estado da Saúde do Brasil, Senador José Serra, no período de 20/03/98 à 30/09/98. Foi Vice-Presidente Administrativo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de 28/10/88 à 17/12/96 (afastou-se em função de cedência ao Ministério da Saúde para ocupar o cargo de Chefe de Gabinete do Ministro do Estado da Saúde). Docente do IAHCS/Fasaúde.

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Um Comentário

  1. Gostaria de saber se este Senhor Alceu Alves Silva, nesta área de Gestão em Saúde Hospitalar tem livros publicados, e de como e onde consigo adquirir.
    Cumprimentos ao Sr. Alceu, pelo vasto e enriquecido currículo
    sua trajetória profissional.
    Helena Borges vieira

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