Alcéu Alves da Silva

Gestão de Saúde: você está preparado para a dor da inovação?

Uma pergunta incômoda paira na mente de muitos administradores hospitalares brasileiros: por qual motivo instituições que utilizam sistemas de gestão de Saúde semelhantes nem sempre alcançam os mesmos resultados?

No escritor Tony Robbins, um dos responsáveis pela popularização da programação neurolinguística, podemos encontrar uma boa resposta: “se você faz o que sempre fez, você obterá o que você sempre obteve”. No contexto da Saúde, significa dizer que a tecnologia, sozinha, não muda uma organização. Muitos gestores se enganam ao acreditar que implantar um sistema é plugá-lo na tomada e ver tudo resolvido imediatamente. O caminho é muito mais complexo que apenas ligar o computador e rodar o software. A grande mudança é de modelo mental e vem da própria liderança.

Os gestores das maiores organizações brasileiras já reconhecem o impacto da transformação digital na Saúde. A maioria deles enxergam a tecnologia como um elemento que vai alterar significativamente a competitividade nos próximos cinco anos, enquanto outros preveem um setor completamente remodelado. Mas, ao mesmo tempo,  muitos deles veem a velocidade das mudanças tecnológicas como uma ameaça ao potencial de crescimento da organização.

A gestão em Saúde é o que faz as pessoas virarem a chave mental e passarem a, de fato, assumir um comportamento inovador na instituição – apoiado pela tecnologia, mas não dependendo apenas dela. Caso contrário, a solução se torna unicamente repositório de dados, sem oferecer o apoio para a tomada de decisão que se anseia ao investir na TI.

E essa construção de uma cultura de inovação em Saúde, tão necessária para transformar os resultados, só acontece quando vêm das lideranças e permeia toda a organização. São os líderes os responsáveis por elaborar e conduzir o planejamento necessário para alcançar os resultados esperados com a tecnologia.

Antes, portanto, de escolher um sistema no mercado, é preciso pensar em um novo modelo de gestão, que tenha validade para o hospital como um todo. Atualmente, cada departamento age de forma autônoma, resultando em um modelo para o financeiro, outro para o bloco cirúrgico, outro para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), e por aí vai. Para que todos atuem da mesma forma, e sob a mesma governança, método e disciplina são fundamentais.

A gestão hospitalar que escolhe mudar não pode ter visão imediatista, porque precisará, antes, desalojar o modelo de gestão atual para permitir que surja um novo – este, sustentado por um sistema integrado que forneça informações, controles e modifique completamente todos os processos hospitalares. É dessa forma que se alcança a Saúde Digital.

Ostentamos estratégias, controles, processos de avaliação e resultados diferenciados graças, entre outras variáveis, à qualidade dos dados, tecnologia aportada e definição de novos processos.

Não é um caminho fácil de ser percorrido. É preciso solucionar gargalos e, muitas vezes, a implementação de sistemas em um hospital expõe feridas nas quais alguns teriam preferido não mexer. Mas quando há compromisso das lideranças com o novo e com os resultados diretos, tanto operacionais quanto assistenciais, a transformação se torna menos dolorosa.

Acredite! Não há mudança e não há implantação de tecnologia sem dor e aprendizado. E a sua gestão, o quanto está disposta a ser vitoriosa e feliz?


Por Alceu Alves, vice-presidente da MV


 

Alceu Alves da Silva

Graduado em Ciências Contábeis e Pós-Graduado em Administração Hospitalar (IAHCS). Vice-presidente da MV. Foi Superintendente Executivo do Hospital Mãe de Deus e do Sistema de Saúde Mãe de Deus. Presidente do Comitê Técnico da ANAHP – Associação Nacional dos Hospitais Privados. Editor da Revista Observatório da ANAHP. Membro do Conselho de Administração da Rede de Hospitais Mater Dei, de Belo Horizonte – MG e Hospital Anchieta de Brasília. Membro Titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar – empossado em outubro de 1997. Foi Chefe de Gabinete do Ministro de Estado da Saúde, Dr. Carlos César Albuquerque, no período de 18/12/96 à 20/03/98. Foi Assessor Especial do Ministro de Estado da Saúde do Brasil, Senador José Serra, no período de 20/03/98 à 30/09/98. Foi Vice-Presidente Administrativo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de 28/10/88 à 17/12/96 (afastou-se em função de cedência ao Ministério da Saúde para ocupar o cargo de Chefe de Gabinete do Ministro do Estado da Saúde). Docente do IAHCS/Fasaúde.

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