Saúde Pública

Câncer: o desafio do acesso a novos tratamentos

Os números e as perspectivas relacionadas ao câncer são estarrecedores. Estimam-se cerca de 30 milhões de casos anuais em 2040 no mundo. No Brasil, serão mais de 700 mil em 2023, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). 

No entanto, os avanços do diagnóstico ao tratamento têm sido muito importantes e indicam que estamos lidando de um modo inteligente e eficaz. Estamos curando um número maior de pacientes, principalmente os tumores comuns. A oncologia é a área médica que recebe mais investimentos para o desenvolvimento de novos medicamentos e tecnologias. 


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Porto Alegre tem se destacado no cenário assistencial pela experiência e qualidade de centros de pesquisa clínica oncológica. E são tratamentos gratuitos. A participação nestes projetos oferece a esperança da melhor terapêutica possível e que ainda não é administrado na rede pública.  Por isso, a conscientização da população é tão importante.  

Frente a qualquer diagnóstico oncológico, convênio privado ou sistema público, doença inicial ou avançada, o paciente ou sua família devem perguntar ao médico se há a possibilidade de ingressar em um protocolo de pesquisa ou de tratamento oncológico para melhorar os resultados. Há também vários centros de pesquisa no interior do RS. 

O avanço terapêutico mais importante das últimas duas décadas é a imunoterapia. Outro desenvolvimento com sucesso, por enquanto em tumores hematológicos, é a “construção” de células imunológicas para determinados tumores através do procedimento CAR-T, que consiste em usar células do próprio paciente e modificá-las geneticamente em laboratório para combater o câncer.                    

Porém, o acesso a estas novidades é um grande desafio.  Conforme a Federação Europeia de Associações e Indústrias Farmacêuticas (EFPIA), somente 10% dos medicamentos lançados nos últimos cinco anos são consumidos fora dos EUA, Europa Ocidental e Japão. Não é difícil imaginar onde estão os melhores resultados e a menor mortalidade por câncer. 


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O alto custo justifica esta discrepância, mas não é só isso. A maioria dos pacientes não precisa de terapêuticas novas, complexas. Com diagnóstico precoce, os tratamentos convencionais pelo SUS são eficazes em quase todos os casos. A educação e a facilitação do acesso ao sistema de saúde são as estratégias factíveis e dentro do nosso orçamento de país em desenvolvimento. 

No mês de conscientização sobre a prevenção ao câncer, o avanço mais importante a celebrar é reconhecer as dificuldades, definir os recursos à disposição e usar criatividade e capacidade de enfrentamento. As soluções para este tipo de problema geralmente não vêm de fora e dependem das nossas iniciativas.


Dr. Carlos H. Barrios, Médico oncologista do Grupo Oncoclínicas e do Centro de Pesquisa em Oncologia, Hospital São Lucas, PUCRS


 



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