Capitulo Sul do CBEXs realiza primeiro evento do ano em Porto Alegre

O Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs) realizou o primeiro encontro do ano do Capítulo Sul na sede da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) e Associação dos Hospitais do RS (AHRGS), na sexta-feira (26). A atividade, que congregou 25 associados e convidados, foi aberta com as palavras de saudação do presidente do Capítulo Sul, médico Cláudio Allgayer, também presidente da ONA e da FEHOSUL, e contou igualmente com o apoio institucional da Fasaúde/IAHCS.
O CEO do CBEXs, Luiz Felipe Costamilan, realizou a primeira das três palestras do evento, com o tema “O Colapso da Saúde”. Também foram realizadas apresentações do superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, Luiz Antonio Nasi, e do diretor administrativo do Hospital Banco de Olhos, Antônio Quinto Neto – acompanhe nos próximos dias as matérias que serão divulgadas abordando as palestras de Nasi e Quinto Neto no portal de notícias Setor Saúde.
No final da atividade, três novos fellows foram nominados (veja no final desta matéria).
Necessidade de mudança
O palestrante iniciou sua apresentação apontando a necessidade de mudança nos rumos na saúde, para evitar o colapso do setor, citando cinco tópicos que podem explicar o colapso de uma sociedade – o que também pode ser aplicado especificamente ao setor da saúde: dano ambiental, mudança climática, perda de parceiros comerciais importantes, vizinhos hostis e poderosos, reação da sociedade às mudanças.
O CEO do CBEXs citou o livro de Jared Diamond, intitulado “Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou sucesso”, e trouxe questionamentos ao linkar em sua exposição conceitos que fazem parte da publicação. Segundo Costamilan é importante refletir sobre os seguintes tópicos:
Estamos desperdiçando muito?
Estamos cuidando do ambiente e dos stakeholders?
Ainda somos os melhores?
Temos recursos para competir com os novos vizinhos?
As operadoras estimulam a melhora da qualidade?
Estamos cuidando dos nossos parceiros (relação entre hospitais, operadoras, sistema de saúde e clientes)?
Costamilan também demonstrou exemplos de novas iniciativas que estão surgindo, citando entre as notícias a parceria entre Amazon, Berkshire Hathaway e JPMorgan Chase & Co., a decisão da GM dos EUA de oferecer um plano de saúde próprio e uso de novas tecnologias com big data e inteligência artificial.
Reação da saúde, geração de valor, desafios e soluções
O palestrante apontou a necessidade de rever valores básicos. De acordo com ele, é necessário decidir se irá continuar a lógica de pagar e receber sem gerar valor, além de estimular a reflexão do papel dos hospitais e dos médicos. Costamilan também questionou: “Temos a visão de que um plano de saúde é um plano-doença? O SUS conseguirá manter seus princípios de universalidade, integralidade e equidade? ”, refletiu.
Costamilan ressaltou os principais desafios que o setor precisa enfrentar no Brasil para não entrar em colapso: recursos limitados (em virtude da PEC do Teto dos Gastos); a qualidade baixa ou variável do sistema, que resultam em dificuldades, como falta de dados adequados em determinadas situações; falta de acesso; uma grande desigualdade entre os gastos do setor público e privado; e mudanças nas necessidades da população – com o crescente envelhecimento como exemplo.
“Possíveis soluções são bastante conhecidas: melhorar os desfechos, reduzir custos e otimizar o uso de recursos, além de uma reestruturação do sistema de saúde”, disse.

xx
Desperdícios
O palestrante salientou a importância de identificar os desperdícios. Ele citou três principais fatores que devem ser foco dos executivos da saúde e das áreas assistenciais: pacientes que não recebem o cuidado correto; benefícios que poderiam ser obtidos com menos recursos; e recursos retirados do cuidado com o paciente desnecessariamente. “Os pacientes que não recebem o cuidado correto são uma parte muito grande do desperdício como um todo na saúde brasileira”, explicou Costamilan.
Sustentabilidade em um país idoso
Um dos pontos enfatizados pelo palestrante foi o crescimento da população idosa do Brasil e o impacto gerado nos custos, com aumento da frequência de internações e maiores gastos médios. “Um idoso custa até oito vezes mais do que um adulto”, disse. Costamilan frisou a necessidade de o sistema de saúde estar preparado para essa nova realidade, conseguindo manter sua sustentabilidade no futuro.
Novo modelo
O palestrante destacou pontos fundamentais para a construção de um novo modelo do ecossistema da saúde. A integração entre as diferentes governanças foi um dos tópicos salientados. “Temos que alinhar incentivos em favor do cidadão, para que que ele seja o elo das atenções, congregando toda a cadeia produtiva”, frisou.
Além disso, o palestrante citou a importância de estabelecer um consenso sobre a entrega de valor, tendo como pilares a qualidade dos desfechos clínicos, a boa experiência dos pacientes e custos adequados. E finalizou sua apresentação ressaltando a necessidade de toda a cadeia produtiva da saúde colocar o paciente no centro dos cuidados. “Nós precisamos reagir. E a melhor forma de fazer isso é colocando o paciente no centro dos cuidados”, finalizou.
Novos fellows
Na parte final da atividade, novos fellows do Capítulo Sul do CBEXs foram nominados e receberam seus respectivos diplomas: Pedro Westphalen (Deputado Federal), Odacir Rossato (Hospital Ernesto Dornelles) e Everton Moraes (Hospital Ernesto Dornelles). Os novos fellows se juntam aos 13 executivos certificados em 2018, em evento realizado no mês de setembro.







