Saúde Pública

Esperança para pacientes com câncer de mama que desejam ser mães

Mulheres com diagnóstico de câncer de mama podem interromper o tratamento por um período de 18 a 30 meses e realizar o sonho de serem mães. Um estudo desenvolvido em 116 centros de 20 países — Brasil não está incluído — acompanhou pacientes que começaram a tentar engravidar depois de três meses da suspensão da hormonioterapia endócrina e tinham até dois anos para ter sucesso na gestão, ter o filho e amamentar para o retorno da terapia. A conclusão foi que, no curto prazo, a pausa no tratamento não teve impactos no prognóstico da doença.

O estudo Positive, patrocinado por uma parceria entre a Plataforma Europeia de Oncologia Torácica (European Thoracic Oncology Platform) e o Grupo de Estudo internacional do Câncer de Mama (International Breast Cancer Study Group), foi apresentado pela mastologista Maira Caleffi, chefe do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento, durante a primeira edição do ano do Grand Round. O evento, que teve como tema Progressos no câncer de mama 2023: a vida após o diagnóstico, foi realizado nesta terça-feira (24), e trouxe para o debate um assunto comum nos consultórios de mastologistas e oncologistas.


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Esperança

“A pesquisa dá esperança a muitas mulheres e diminui o preconceito de uma gestação após um diagnóstico positivo”, destacou Maira. “As pacientes que engravidaram neste período tiveram bebês saudáveis e algumas, inclusive, conseguiram engravidar duas vezes”, acrescentou a especialista, revelando que o índice de mulheres que engravidaram foi de 74%.

Segundo o chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, Sérgio Roithmann, o fato de o estudo apontar não haver diferença na evolução da doença com a parada temporária ou não do tratamento deve provocar uma reflexão por parte dos médicos para sua indicação. “É comum as pacientes nos trazerem esse assunto para o consultório. E cada caso precisava ser resolvido de forma individual, no debate, com briga na família e com muita culpa por parte dessas mulheres”, relembrou o oncologista.

Mas os médicos ponderaram a importância de as pacientes terem o acompanhamento de um centro de fertilidade, com equipe multiprofissional e que esteja, preferencialmente, integrado aos outros profissionais responsáveis pelo tratamento, a exemplo do que ocorre no Hospital Moinhos de Vento. “As pacientes precisam ter atendimento, inclusive, psicológico, para que se sintam  seguras”, acrescentou Maira.

O estudo teve início em 2014 e segue até 2029 para o acompanhamento das pacientes no médio prazo. A interrupção, de até 30 meses, é indicada para mulheres de 42 anos de idade ou menos, independente do estágio do tumor, mas sem recorrência da doença.


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Progressos no tratamento

Outros avanços no tratamento do câncer de mama também foram debatidos no evento. A oncologista Daniela Dornelles Rosa avaliou os resultados positivos de novos estudos em relação à sobrevida global de pacientes metastáticas. A patologista Márcia Silveira Graudenz, do Laboratório de Patologia, Genética e Biomolecular da instituição, falou sobre os desafios do diagnóstico para o HER2 — oncogene associado à progressão e evolução desfavorável do câncer de mama.

Em relação às terapias com fármacos e suas combinações, o oncologista José Roberto Freitas Rossari apresentou estudo de eficácia do Amaciclibe para o tratamento de pacientes de alto risco, com presença de nódulos nas axilas. A diferença foi a redução de 6% na taxa de rescidiva da doença. O também oncologista Gustavo Werutsky abordou pesquisa sobre a eficácia e segurança do trastuzumabe-deruxtecan (T-DXd) em combinação com T-DM1 em pacientes com câncer de mama metastático. Elas tiveram benefícios como a melhora da qualidade de vida com o uso da medicação e a taxa de resposta chegou a 70%.

Fotos: Leonardo Lenskij

 



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